t
Texto Interartes
 

 

Sports et Divertissements
Música e comentários : Erik Satie Desenhos de Charles Martin
Tradução para o português de Luci Collin e Zélia Chueke

Prefácio
Esta publicação é constituída de dois elementos artísticos: desenho e música.
A parte do desenho se configura por traços _____ traços de espírito; a parte da música é representada por pontos _____ pontos negros. As duas partes reunidas _____ num só volume _____ formam um todo: um álbum. Aconselho a folhear este livro com muito cuidado, pois esta é uma obra de fantasia. Que não se veja nela nenhuma outra coisa.
Para aqueles “Ensimesmados” & “Abestalhados”, escrevi um coral grave e apropriado.
Este coral é uma espécie de preâmbulo amargo, uma maneira de introdução austera e séria.
Coloquei nele tudo o que conheço sobre o “Aborrecimento”.
Dedico este coral àqueles que não gostam de mim.
Eu me retiro.
Erik Satie

A balança
É meu coração que se balança assim. Ele não sente vertigem.
Como são pequenos os seus pés! Será que ele vai querer voltar para dentro de meu peito?

A caça
Vocês estão escutando o coelho que canta? Que voz!
O rouxinol está em sua toca. O mocho amamenta seus filhotes.
O jovem javali vai se casar. Eu, quebro nozes com golpes de fuzil.

A comédia italiana
Scaramouche explica as belezas do serviço militar.
Somos todos muito malandros, diz ele. Assustamos os civis.
E as galantes aventuras! E o resto! Que bela profissão!

O despertar da recém-casada
Chegada do cortejo. Chamamentos.
Levantem-se! Guitarras feitas com velhos chapéus.
Um cachorro dança com sua noiva.

Cabra-cega
Procure, senhorita. Aquele que ama você está a dois passos. Como ele está pálido: seus lábios tremem. Você zomba?
Ele segura seu coração com as duas mãos. Mas você passa sem
percebê-lo.

A pesca
Murmúrios da água num leito de rio. Chegada de um peixe,
de outro, de dois outros. – Que está acontecendo?
É um pescador, um pobre pescador. – Obrigado. – Cada um volta para sua casa, até mesmo o pescador. Murmúrios da água num leito de rio.

O iate
Que tempo! O vento sopra como uma foca. O iate dança. Tem ares de um louquinho.
O mar está desmontado. Tomara que ele não vá de encontro a um rochedo. Ninguém pode remontá-lo.
Eu não quero ficar aqui, diz a bela passageira. Aqui não é um lugar agradável. Prefiro outra coisa.
Chamem-me um taxi.

O banho de mar
O mar é extenso, senhora. Em todo o caso, ele é bem profundo. Evite sentar-se no fundo. É muito úmido. Aqui estão as boas e velhas ondas. Elas estão cheias de água. Você está toda molhada.
Sim, senhor.
O carnaval
Os confetes caem. Eis aqui uma máscara melancólica.
Um pierrô bêbado faz o papel de malandro. Chegam os Dominós vaporosos.
Todos se acotovelam para vê-los. - Não são bonitos?

O golfe
O coronel veste um tweed escocês de um verde intenso. Ele vencerá. Seu caddie o segue levando os tacos. As nuvens estão espantadas.
Os buracos estão completamente trêmulos: o coronel está aqui! Aqui esta aquele que garante as tacadas: seu taco explode em mil pedaços!

O polvo
O polvo está em sua caverna. Ele se diverte com um carangueijo.
Ele o persegue. O polvo o engoliu ao contrário.
Lívido ele se enrosca em seus próprios pés. Bebe um copo d’água salgada para se recompor.
Esta bebida lhe faz muito bem e muda suas idéias.

As corridas
A pesagem. Compra do programa. Vinte e vinte.
Aos seus lugares! Partida.
Aqueles que refugam .
Os perdedores (nariz pontudo e orelhas caídas ).

Os quatro cantos
Os quatro ratos. O gato.
Os ratos irritam o gato.
O gato se espreguiça. Ele se lança. O gato achou seu lugar .

O piquenique
Todos trouxeram vitela bem fria. Você usa um belo vestido branco.
- Veja! um aeroplano. – Claro que não: é uma tempestade.

Montanha russa aquática
Se você tem o coração sólido, você não ficará muito enjoado. Lhe parecerá que está caindo de um andaime. Você verá como é curioso.
Atenção!
Não mude de cor.
Eu não me sinto bem.
Isso prova que você estava precisando se divertir.

O tango

O tango é a dança do diabo.
É a que ele prefere. Ele o dança para se refrescar. Sua mulher, seus filhos e seus empregados se refrescam assim.

O trenó
Que frio!
Senhoras, mantenham o nariz dentro dos casacos de pele.
O trenó desliza rapidamente. A paisagem tem muito frio e não sabe onde se meter.

O flerte
Dizem, um ao outro, coisas bonitas, coisas modernas. – Como vai você?
Não sou amável? – Me permite? Você tem olhos grandes.
Eu gostaria de estar na lua. Ele suspira. Ele balança a cabeça.

O fogo de artifício
Como está escuro! Oh, um canhão de três tiros! Um rojão! Um rojão todo azul! Todos admiram. Um velhote enlouquece.
O buquê final!

O tênis
Joga?
Sim!
O que saca bem.
Como ele tem belas pernas!
Ele tem um belo nariz. Quebra de saque.
Game!

 

A história de Babar, o elefantinho

Texto de JEAN DE BRUNHOFF
Música de FRANCIS POULENC (1940)
Tradução para o português de Luci Collin

Observação: O narrador deve anunciar o título da obra, bem como os nomes do autor e do compositor.
Após uma pausa, dá-se início à récita.

Na grande floresta nasce um elefantinho. Ele se chama Babar. Sua mãe o ama muito. Para fazê-lo dormir, ela o embala com sua tromba, cantando com muita doçura.

Babar cresceu. Ele agora brinca com os outros elefantinhos. É um dos mais amáveis. Ele se diverte fazendo buracos na areia com uma concha.

Babar passeia muito feliz nas costas de sua mãe.

De repente um cruel caçador, escondido atrás dum arbusto, atira neles.

O caçador matou a mãe de Babar. Os macacos se escondem, os pássaros debandam. O caçador corre para agarrar o pobre Babar. Babar se salva porque tem medo do caçador.

Depois de alguns dias, muito cansado, ele se aproxima de uma cidade... Ele fica espantado porque é a primeira vez que vê tantas casas. Quantas coisas novas! As belas avenidas! Os automóveis e os ônibus!
Mas o que mais desperta o interesse de Babar são dois senhores que ele encontra na rua. Ele pensa: “Puxa, como estão bem vestidos. Eu adoraria ter uma roupa assim também... Mas o que devo fazer?”
Por sorte, uma velha senhora muito rica, que gostava muito de elefantinhos, ao olhar para ele compreende que ele tem vontade de ter uma bela roupa. Como gosta de agradar aos outros, ela lhe dá a sua bolsa.
Babar lhe diz: “Obrigado, madame”.

Agora Babar mora na casa da velha senhora. Pela manhã, com ela, ele faz ginástica. Depois toma seu banho.

Todos os dias ele passeia de automóvel. A velha senhora comprou um carro para ele. Ela lhe dá tudo o que ele quer.

No entanto, Babar não está plenamente feliz, pois não pode brincar na grande floresta com seus priminhos e com seus amigos macacos.
Muitas vezes, olhando pela janela, ele sonha ao pensar na sua infância...

e chora lembrando de sua mãezinha.

Dois anos se passam. Um dia, durante seu passeio, Babar vê dois elefantinhos totalmente sem roupas vindo em sua direção. – “Olha só, são Arthur e Celeste, meu priminhos!”, diz ele, surpreso, para a velha senhora.
Babar abraça Arthur e Celeste, e depois vai comprar roupas novas para eles.

Em seguida, ele os leva a uma confeitaria para comerem doces muito gostosos.

Enquanto isso, na floresta, os elefantes procuram Arthur e Celeste; suas mães estão muito nervosas.

Felizmente, ao sobrevoar a cidade, uma velha cegonha os viu. E bem depressa ela veio avisar os elefantes.

As mães de Arthur e de Celeste partem em direção à cidade para procurá-los. Ao reencontrá-los a salvo, elas ficam muito contentes mas, mesmo assim, os repreendem.

Babar decide partir com Arthur, Celeste e com as tias para rever a grande floresta. Tudo está pronto para a partida. Babar abraça sua velha amiga e promete a ela voltar algum dia – nunca se esquecerá dela.
A velha dama fica sozinha; triste, ela pensa: “Quando poderei rever meu pequeno Babar?”

Eles partiram... Não havia lugar no carro para as mães – elas correm atrás do carro e levantam as trombas para não respirar a fumaça.

No mesmo dia, lamentavelmente, o rei dos elefantes, durante um passeio, comeu um cogumelo venenoso.

Envenenado, ele ficou muito doente...

Tão doente que morreu.

Que grande desgraça!

Depois do enterro, os elefantes mais velhos se reuniram para escolher um novo rei. Bem nessa hora eles escutam um ruído; voltam-se – e o que é que eles vêem? Babar, que chega em seu carro, e todos os elefantes que correm gritando: “Olha só, vejam eles! Eles voltaram! Bom dia, Babar! Bom dia, Arthur! Bom dia, Celeste! Nossa, que roupas bonitas! E que lindo carro!” Então Cornélio, o mais velho dos elefantes, diz com voz tremula:
“Meus caros amigos, estamos procurando um rei, por que não escolher Babar? Ele vem da cidade, aprendeu muito com os homens. Vamos lhe dar a coroa.”
Todos os elefantes acham que Cornélio fez uma boa escolha. Impacientes, eles esperam a resposta de Babar. “Eu agradeço a todos, diz Babar, mas antes de aceitar, devo dizer a vocês que, durante nossa viagem de carro, Celeste e eu ficamos noivos. Se eu sou o vosso rei, ela será a vossa rainha.”
Viva a rainha Celeste!! Viva o rei Babar!!! - gritam todos os elefantes sem hesitar. E é assim que Babar torna-se....... Rei.

E então Babar diz a Cornélio: “Você tem boas idéias, assim eu lhe nomeio general e, quando eu tiver a coroa, lhe darei meu chapéu de feltro.” “Dentro de oito dias me casarei com Celeste; faremos uma grande festa pelo nosso casamento e pela nossa coroação.” Em seguida, Babar pede aos pássaros que convidem os outros animais para as bodas.

Os convidados começam a chegar.

O dromedário, encarregado de ir à cidade comprar as roupas de festa, chega bem na hora do casamento.

Casamento de Babar.

Coroação de Babar.

Após o casamento e a coroação, todos dançam felizes.

Os pássaros se misturam à orquestra.

A festa terminou.

Cai a noite,
as estrelas apareceram.

O rei Babar e a rainha Celeste
felizes... sonham embalados por sua felicidade.

Agora tudo dorme,
os convidados voltaram para suas casas, muito contentes,
mas cansados por terem dançado tanto.

Durante muito tempo todos se lembrarão deste grande baile.

 

(links para outras paginas:)

PERSONAGENS INTERARTES
REVISTA
TEXTOS INTERARTES